
Metafísica: Ciência que estuda tudo quanto se
manifesta de maneira sobrenatural.
Metafísica, ramo da filosofia que trata da natureza da realidade
última. Está dividida em:
Ontologia, que trata dos inúmeros tipos fundamentais de entidades
que compõem o universo, e a metafísica propriamente dita, que se
preocupa com a apreensão dos traços mais gerais da realidade.
Esta última pode atingir um alto grau de abstração. A ontologia, ao
contrário, está mais relacionada com o plano físico da experiência
humana...
O que é?
Metafísica (do grego
μετα [meta] = depois de/além de e
Φυσις [physis] = natureza ou físico) é um ramo da filosofia que
estuda a essência do mundo. A saber, é o estudo do ser ou da realidade.
Se ocupa em procurar responder perguntas tais como:
O que é real (veja realidade)? O que é natural (veja naturalismo)? O que
é sobre-natural (veja milagre)? O ramo central da metafísica é a
ontologia, que investiga em quais categorias as coisas estão no mundo e
quais as relações dessas coisas entre si. A metafísica também tenta
esclarecer as noções de como as pessoas entendem o mundo, incluindo a
existência e a natureza do relacionamento entre objetos e suas
propriedades, espaço, tempo, causalidade, e possibilidade.
Sobre a origem da palavra "Metafísica"
O sentido da palavra metafísica deve-se a Aristóteles e a Andrônico de
Rodes.
Aristóteles nunca utilizou esta palavra, mas escreveu sobre temas
relacionados à physis e sobre temas relacionados à ética e à política,
entre outros semelhantes. Andrônico, ao organizar os escritos de
Aristóteles, o fez de forma que, espacialmente, aqueles que tratavam de
temas relacionados à physis viessem antes dos outros. Assim, eles vinham
além da física (Meta = depois, além; Physis = física). Neste sentido, a
metafísica é algo intocável, que só existe no mundo das idéias.
Assim, conscientemente ou não, Andrônico organizou os escritos de forma
análoga à classificação dos dois temas. Ética, política, etc., são
assuntos que não tratam de seres físicos, mas de seres não-físicos
existentes apesar da sua imaterialidade.
Em resumo, a Metafísica trata de problemas sobre o propósito e a origem
da existência e dos seres. Especulação em torno dos primeiros princípios
e das causas primeiras do ser. Muitas vezes ela é vista como parte da
Filosofia, outras, se confunde com ela.
O que é Metafísica?
por Richard Taylor
É costume dizer-se que cada um tem sua Filosofia e até que todos os
homens têm opiniões metafísicas. Nada poderia ser mais tolo. É verdade
que todos os homens têm opiniões, e que algumas delas - tais como as
opiniões sobre religião, moral e o significado da vida - confinam com a
Filosofia e a Metafísica, mas raros são os homens que possuem qualquer
concepção de Filosofia e ainda menos os que têm qualquer noção de
Metafísica.
William James definiu algures a Metafísica como "apenas um esforço
extraordinariamente obstinado para pensar com clareza". Não são muitas
as pessoas que assim pensam, exceto quando seus interesses práticos
estão envolvidos. Não têm necessidade de assim pensar e, daí, não sentem
qualquer propensão para o fazer. Excetuando algumas raras almas
meditativas, os homens percorrem a vida aceitando como axiomas,
simplesmente, aquelas questões da existência, propósito e significado
que aos metafísicos parecem sumamente intrigantes. O que sobretudo exige
a atenção de todas as criaturas, e de todos os homens, é a necessidade
de sobreviver e, uma vez que isso fique razoavelmente assegurado, a
necessidade de existir com toda a segurança possível. Todo pensamento
começa aí, e a sua maior parte cessa aí. Sentimo-nos mais à vontade para
pensar como fazer isto ou aquilo. Por isso a engenharia, a política e a
indústria são muito naturais aos homens. Mas a Metafísica não se
interessa, de modo algum, pelos "comos" da vida e sim apenas pelos
"porquês", pelas questões que é perfeitamente fácil jamais formular
durante uma vida inteira.
Pensar metafisicamente é pensar, sem arbitrariedade nem dogmatismo, nos
mais básicos problemas da existência. Os problemas são básicos no
sentido de que são fundamentais, de que muita coisa depende deles. A
religião, por exemplo, não é Metafísica; e, entretanto, se a teoria
metafísica do materialismo fosse verdadeira, e assim fosse um fato que
os homens não têm alma, então grande parte da religião soçobraria diante
desse fato. Também a Filosofia Moral não é Metafísica e, entretanto, se
a teoria metafísica do determinismo, ou se a teoria do fatalismo fossem
verdadeiras, então muitos dos nossos pressupostos tradicionais seriam
refutados por essas verdades. Similarmente, a Lógica não é Metafísica e,
entretanto, se se apurasse que, em virtude da natureza do tempo, algumas
asserções não são verdadeiras nem falsas, isso acarretaria sérias
implicações para a Lógica tradicional.
Isto sugere, contrariamente ao que em geral se supõe, que a Metafísica
vê um alicerce da Filosofia e não o seu coroamento. Se for longamente
exercido. o pensamento filosófico tende a resolver-se em problemas
metafísicos básicos. Por isso o pensamento metafísico é difícil. Com
efeito, seria provavelmente válido afirmar que o fruto do pensamento
metafísico não é o conhecimento, mas o entendimento. As interrogações
metafísicas têm respostas e, entre as várias respostas concorrentes, nem
todas poderão ser verdadeiras, por certo. Se um homem enuncia uma teoria
de materialismo e um outro a nega, então um desses homens está errado; e
o mesmo acontece a todas as outras teorias metafísicas. Contudo, só
muito raramente é possível provar e conhecer qual das teorias é a
verdadeira. 0 entendimento, porém - e, por vezes, uma profundidade muito
considerável do mesmo resulta de vermos as persistentes dificuldades em
opiniões que freqüentemente parecem, em outras bases, ser muito
obviamente verdadeiras. É por essa razão que um homem pode ser um sábio
metafísico sem que, não obstante, sustente suas opiniões e juízos em
conceitos metafísicos. Tal homem pode ver tudo o que um dogmático
metafísico vê, e pode entender todas as razões para afirmar o que outro
homem afirma com tamanha confiança. Mas, ao invés do outro, também vê
algumas razões para duvidar e, assim, ele é, como Sócrates, o mais
sábio, mesmo em sua profissão de ignorância. Advirta-se o leitor, neste
particular, de que quando ouvir um filósofo proclamar qualquer opinião
metafísica com grande confiança, ou o ouvir afirmar que determinada
coisa, em Metafísica, é óbvia, ou que algum problema metafísico gravita
apenas em torno de confusões de conceitos ou de significados de
palavras, então poderá estar inteiramente certo de que esse homem está
infinitamente distante do entendimento filosófico. Suas opiniões parecem
isentas de dificuldades apenas porque ele se recusa obstinadamente a ver
dificuldades.
Fontes:
Cura Metafísica: http://www.cura.metafisica.nom.br/
O que é metafisica:
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/taylor.htm
Metafísica da saúde:
http://www.portalmensageiro.com.br/metafisicasaude.html
Platão e a descoberta da Metafísica:
http://geocities.yahoo.com.br/carlos.guimaraes/platao.html
O que é Metafísica:
http://www.cfh.ufsc.br/~wfil/taylor.htm
http://www.terravista.pt/fernoronha/4160/
Origem da Metafísica: Wikipédia
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Ressonância
de Schumann 1:
Um artigo muito citado e pouco combatido do Teólogo
Leonardo Boff, publicado no Jornal do Brasil em 05/03/2004, nos fala
da Ressonância Schumann que, segundo ele, está afetando a forma como
percebemos o tempo. Faz muito sucesso nos meios esotéricos e se utiliza
de elementos da ciência pra passar uma certa credibilidade. Vejamos:
Pela ressonância Schumann se procura dar uma explicação. O
físico alemão Winfried Otto Schumann constatou em 1952 que a Terra é
cercada por uma campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo
e a parte inferior da ionosfera, cerca de 100km acima de nós. Esse campo
possui uma ressonância (dai chamar-se ressonância Schumann), mais ou
menos constante, da ordem de 7,83 pulsações por segundo. Funciona como
uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio da biosfera,
condição comum de todas as formas de vida. Verificou-se também que todos
os vertebrados e o nosso cérebro são dotados da mesma frequência de
7,83Hz (hertz).
Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinham
essa freqüência de pulsações e a vida se desenrolava em relativo
equilíbrio ecológico. Ocorre que a partir dos anos 80, e de forma mais
acentuada a partir dos anos 90, a freqüência passou de 7,83 para 11 e
para 13Hz por segundo. O coração da Terra disparou.
Coincidentemente, desequilíbrios ecológicos se fizeram
sentir: perturbações climáticas, maior atividade dos vulcões,
crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de
comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido à aceleração
geral, a jornada de 24 horas, na verdade, é somente de 16 horas.
Portanto, a percepção de que tudo está passando rápido demais não é
ilusória, mas teria base real nesse transtorno da ressonância Schumann.
Ressonância de Schumann 2:
A chamada “ressonância de Schumann” é uma série de
picos
eletromagnéticos de freqüências extremamente baixas (ELF) do campo
eletromagnético da Terra, sua presença é global e está compreendida em
comprimentos de onda entre 100 000 quilômetros a 10 000 quilômetros, ou
freqüências entre 3 Hz até 30 Hz. Os picos são causados pela excitação
gerada a partir de descargas elétricas (Relâmpagos, raios, etc) entre a
superfície da Terra e a ionosfera. Este fenômeno eletromagnético foi
descoberto através de modelos matemáticos desenvolvidos pelo físico Winfried Otto Schumann em 1952. O efeito ocorre porque o espaço entre a
superfície da Terra e a ionosfera, neste caso condutiva, atua como um
guia de ondas, cujas dimensões são delimitadas. Assim é formado um tipo
de cavidade ressonante para ondas eletromagnéticas em freqüências
extremamente baixas que é excitada naturalmente pela energia desprendida
através da propagação dos relâmpagos e raios. Observa-se também como um
ruído de fundo eletromagnético natural, como picos separados em
freqüências extremamente baixas nas freqüências em torno de 8, 14, 20,
26 e 32 hertz.
A Ressonância de Schumann pode ser considerada como uma
espécie de “onda que se propaga em linha reta” dentro da cavidade
formada entre a Terra e a ionosfera numa guia de onda igual à
circunferência do planeta. A intensidade mais elevada ocorre numa
freqüência de aproximadamente 7.8 hertz. O nono harmônico encontra-se em
torno de 60 hertz. Os harmônicos detectáveis se estendem para
freqüências mais altas, chegando inclusive a atingir até alguns
quilohertzes. O fenômeno podem ser usado para o mapeamento da atividade
global de eletricidade atmosférica. Devida conexão entre descargas
elétricas e o clima da terra, pode também ser utilizado para monitorar
as variações globais da temperatura e do vapor na alta atmosfera.
Descargas em outros planetas também podem ser detectadas e estudadas
através do monitoramento da ressonância de Schumann. Esta foi utilizada
na pesquisa e monitoração da ionosfera em suas camadas inferiores da
Terra, de outros corpos celestes e para observar distúrbios
geomagnéticos. Mais recentemente estão sendo monitorados eventos
luminosos como transientes, sprites, duendes, jatos, e outros tipos de
descargas na atmosfera superior. Acredita-se que é possível a predição
de terremotos, embora estudos ainda se mostrem inconclusivos. Seu estudo
foi além dos limites da física, da medicina, levantando o interesse de
artistas e músicos, chegando ao campo inclusive da psicobiologia.
Contra-Ponto:
Na verdade poderíamos falar em "Ressonâncias Schumann"
pois, embora 7,8Hz seja a mais forte, existem oscilações de 8, 14 e até
20Hz nesta faixa. Outro erro é dizer que houve uma mudança nas ondas a
partir dos anos 80. Ao longo dos anos, as freqüências oscilam levemente
(menos de 0,3 Hz) em torno da média devido à radiação de microondas do
Sol, mas, como podemos ver aqui, não é nada que chame a atenção. O único
detalhe interessante é que a freqüência está chegando próximo a 8Hz, e
SE houver alguma relação entre o nosso cérebro e essa freqüência (não há
nada cientificamente provado, nem mesmo sugerido, à respeito), isso
significa que estaremos saindo da influência entorpecente das ondas Teta
para um maior "despertar" das ondas Alfa. Mas isso é apenas uma leitura
esotérica, não científica.
Enfim, é pura besteira essa coisa do tempo estar mais
acelerado por conta das ondas Schumann, pois, se o fose, o tempo
percebido por nós estaria apenas 0,3 mais rápido, quando qualquer pessoa
pode dizer que o tempo nos parece estar MUITO mais acelerado que isso...
embora o relógio continue marcando 24 horas.
Qual a importância da
ressonância de Schumann?
Por Alberto Gaspar (Doutor em Educação pela USP, Prof. de Física da
Unesp-Guaratinguetá e autor da Ática)
No âmbito da ciência, a Ressonância Schumann é um fenômeno de interesse
quase exclusivo dos meteorologistas - ele permite monitorar
indiretamente o nível global de incidência de descargas elétricas na
atmosfera, pois grande parte delas ocorre em regiões isoladas ou
inacessíveis. Muitos pesquisadores da NASA utilizam medidas da
Ressonância Schumann rotineiramente para seus estudos da precipitação
pluviométrica e do aquecimento global.
Como os relâmpagos estão associados às chuvas e tempestades e estas, por
sua vez, à temperatura do nosso planeta, o aumento da intensidade das
ondas estacionárias detectadas indica maior incidência de descargas
elétricas e estas, de chuvas e tempestades. E, por fim, o aumento da
incidência destas últimas indica o aumento da temperatura do planeta.
Assim, um acréscimo de cerca de 7% na incidência de descargas elétricas
permite inferir que há um aquecimento global da ordem de 1 ºC. Esta
porcentagem deve ser tomada com ressalvas, pois há uma discrepância
muito grande nos valores encontrados por nós em diferentes pesquisas. A
mesma variação de temperatura, 1 ºC, está relacionada a diferentes
porcentagens de acréscimo na incidência de descargas elétricas, desde 5%
até 40%.
Mais recentemente, nos últimos dez anos, a Ressonância Schumann tem
interessado também aos biofísicos e neurocientistas. Uma razão para
justificar esse interesse está na coincidência entre as faixas de
freqüências de ondas cerebrais detectadas nos eletroencefalogramas
(ondas teta, de 4 a 7 Hz; ondas alfa, de 8 a 13 Hz e ondas beta, de 14 a
30 Hz). Há várias pesquisas já realizadas e outras em curso buscando
encontrar possíveis relações e conseqüências decorrentes da proximidade
entre os valores das nossas freqüências cerebrais e das freqüências da
Ressonância Schumann. Nenhuma delas permite inferências muito
relevantes, todas as que encontramos estão ainda ao nível da
especulação.
Deve-se lembrar que a descoberta do fenômeno é recente mas o fenômeno
não, pois ele depende predominantemente de causas naturais - a radiação
solar, os raios cósmicos e as descargas elétricas na atmosfera - sobre
as quais ainda temos pouca influência. Assim, se existe alguma interação
entre a Ressonância Schumann e os seres vivos ela deve ter se mantido
praticamente inalterável há séculos e, presumimos, ela já está
incorporada a nossa história genética.
Por essa razão, presume-se que algo notável só poderia ocorrer se o
fenômeno apresentasse alguma alteração brusca e relevante. Essa é a
hipótese em que se assentam os estranhos vaticínios de Leonardo Boff, ou
melhor, de sua fonte, o guru Gregg Braden, 50 anos, "rara mistura de
cientista, visionário e sábio com a habilidade de falar para as nossas
mentes", como ele se apresenta em seu site:
http://www.greggbraden.com/
As incríveis
revelações de Gregg Braden
Antes de ser um próspero conferencista, guia de viagens para locais
sagrados do mundo, autor de livros esotéricos, fitas, DVDs e outros
produtos do gênero, Gregg Braden foi projetista sênior de
sistemas computacionais em uma empresa aeroespacial, geólogo
computacional em uma empresa petrolífera e, mais tarde, gerente técnico
de operações da Cisco Systems.
Ainda segundo o seu site, ele é hoje "a principal autoridade capaz de
estabelecer a ponte da sabedoria entre o nosso passado e a ciência e a
paz do nosso futuro. Em sua jornada por remotos vilarejos nas montanhas,
templos e monastérios, em tempos de paz, Braden uniu a sabedoria e as
antigas tradições com a ciência moderna para a melhoria de nossas vidas
nos dias de hoje".
É bem provável que, buscando essa "união de sabedorias", Braden tenha
descoberto a Ressonância Schumann e inferido suas esotéricas
implicações, publicando-as em 1997, em Awakening to Zero Point: The
Collective Initiation (Despertando para o ponto zero: a iniciação
cooperativa), um dos muitos livros de sua autoria.
O livro contém as revelações por ele recebidas em 1987, enquanto orava e
meditava no deserto do Sinai, anunciadas pelo soar de sinos (esse som
permaneceu em seus ouvidos até a publicação do livro; não conseguimos
saber se ainda os escuta). Em seguida, uma torrente de informações
atravessou todo o seu corpo. "Parecia que toda a eternidade se passava
em um instante", diz ele, enquanto recebia o instrumental para nos
oferecer "a informação do despertar".
A idéia principal apresentada no livro é a aceleração do tempo: a
impressão que muitas pessoas têm de que o tempo atualmente passa mais
depressa não é uma ilusão, é realidade. O dia não tem mais 24 horas, mas
16, pois o coração da Terra está acometido de uma taquicardia causada
pelo aumento da freqüência da Ressonância Schumann. Segundo Braden,
desde a década de 1980, o valor inicial dessa freqüência, 7,83 Hz (ele
só se refere ao valor da freqüência fundamental, como se fosse a única),
teria se elevado para 11 Hz e, mais recentemente, para 13 Hz.
Seu livro não se limita a essa revelação, há uma verdadeira cascata de
informações do gênero, como a previsão de que a Terra vai inverter os
seus pólos magnéticos (o que não é novidade, isso já ocorreu centenas de
vezes desde que o planeta se formou, não por vontade do planeta, é
claro) e o sentido do seu movimento de rotação (fisicamente, um completo
absurdo, pois nenhuma força age sobre a Terra; ela gira por inércia. Não
é um ventilador de teto que pode ter sua rotação invertida quando se
aciona uma chavinha).
Tendo em vista o nosso objetivo inicial, vamos nos restringir aos
efeitos que Braden atribui à Ressonância Schumann e sua possível
variação repentina, divulgados entre nós pelo artigo de Leonardo Boff.
Para facilitar a argumentação, vamos resumi-la em quatro itens:
I) Do ponto de vista da física, como vimos, a origem desse fenômeno se
restringe a uma camada da atmosfera terrestre. Para uma primeira
avaliação do possível efeito desse fenômeno sobre o planeta como um
todo, é interessante estabelecer uma relação entre as dimensões da Terra
e as dimensões da camada da ionosfera em que o fenômeno ocorre. Se
construirmos um modelo em escala da Terra com 1 m de diâmetro, essa
camada teria 5 mm de espessura; seria apenas uma espécie de penugem
diáfana praticamente imperceptível dentro da qual se formam as ondas
estacionárias originárias da Ressonância Schumann.
II) A irrelevância de suas dimensões, no entanto, não impede que a
cavidade ressonante terrestre seja um indicador dos males do "coração da
Terra" - a medicina utiliza indicadores tão ou até mais sutis para seus
diagnósticos -, se fosse possível saber que órgão é esse, onde está,
como se manifesta e interage fisicamente com essa cavidade. Como a
física, e todas as demais ciências, não tem essas respostas, não é
razoável aceitar cientificamente que essa diáfana camada superficial
possa refletir o pulsar de tal coração ou dele ser "uma espécie de
marca-passo", como diz Leonardo Boff.
III) Supor que a passagem do tempo tenha alguma relação com a freqüência
dessas quase imperceptíveis ondas estacionárias é puro nonsense. Há quem
imagine que a passagem do tempo dependa da rotação da Terra - se um dia
a Terra parar de girar o tempo também pára (curiosamente só interessa a
rotação, a translação relacionada diretamente ao "Ontem foi Carnaval,
dentro de pouco será Páscoa, mais um pouco, Natal", a que Boff se
refere, é completamente ignorada).
É uma idéia absurda, mas até certo ponto compreensível, afinal
utilizamos a rotação da Terra como relógio (no cinema, o Super-homem,
para salvar a sua amada, conseguiu fazer o tempo voltar, invertendo a
rotação da Terra), mas supor que as débeis oscilações dessa quase
imperceptível camada ressonante possam alterar o transcurso do tempo,
que afinal não se vincula apenas à Terra mas aos trilhões de trilhões de
trilhões de astros que povoam o universo, seria uma ingenuidade de
causar pena.
Seria, porque ao que tudo indica, a ingenuidade está em quem acredita
nessas idéias, o "cientista, visionário e sábio" que as divulga o faz
com indiscutível má-fé. É pouco provável que uma pessoa com a formação
científica de Gregg Braden acredite no que diz, embora venda - strictu e
lato sensu - essa idéia ao seu ingênuo público. A prova da má-fé está na
principal causa por ele atribuída para a taquicardia terrestre, e este é
o nosso quarto e definitivo argumento.
IV) Segundo Braden, a taquicardia terrestre se deve ao aumento recente
da freqüência da Ressonância Schumann. Essa afirmação é inteiramente
falsa, um verdadeiro estelionato científico. Como mostra a figura 8,
desde que as medidas dessas freqüências começaram a ser feitas, elas têm
se mostrado absolutamente estáveis.

Figura ao lado mostra as Variação dos valores
da primeira freqüência de ressonância da cavidade ressonante da
ionosfera terrestre, no período compreendido entre 1990 e 2000, obtidos
em Arrival Heights, base neozelandesa localizada na Antártica.
Note que o período compreendido pelo gráfico, 1990 a 2000, é aquele que,
segundo Braden, a freqüência da ressonância estaria em 13 Hz ou mais.
Essa freqüência, sempre apresentada por ele no singular, é mais uma
mostra da sua evidente má-fé. É altamente improvável que ele não saiba
que não há uma única freqüência de ressonância, mas uma série delas e
que 7,8 Hz, como diz a legenda do gráfico acima, é apenas a primeira
freqüência de ressonância.
Restringir a argumentação a uma só, sabendo que há uma série delas, é um
excelente álibi para dissipar possíveis desconfianças de seus
seguidores: se algum deles lhe perguntar se é verdade que essas
freqüências estão mesmo aumentando ele poderá dizer com esotérico
cinismo: "claro, já foram obtidas até freqüências de 45 Hz!". E não
estará mentindo...
Uma reflexão final
Quem conhece a história de vida de Leonardo Boff sabe que não se pode
atribuir a ele a desonestidade e o mau-caratismo de seu guru. Leonardo
Boff é, sem dúvida, uma pessoa honesta e bem intencionada. No entanto,
acreditou e, o que é pior, avalizou e deu credibilidade não só a uma
hipótese absurda, mas a uma farsa científica. Infelizmente as pessoas
honestas e bem intencionadas costumam crer que todos são como elas - se
alguém se diz cientista e afirma que determinados resultados foram
obtidos é porque eles de fato foram obtidos.
É bem provável que Leonardo Boff tenha sido traído por essas afirmações
porque elas vieram ao encontro de suas próprias convicções. Assim como
inúmeras pessoas, entre elas muitos cientistas, ele acredita que a Terra
é um organismo vivo e, como tal, deve ter um coração. É possível até que
isso seja verdade, mas não é possível apoiar essa crença na ciência, ao
menos por enquanto. Nenhuma ciência atual é capaz de encontrar
fundamentos teóricos ou empíricos capazes de apoiar essa hipótese. Isso
não significa que a Terra não tenha vida nem coração, mas que vida e
coração, conceitos da ciência atual dos homens, não são aplicáveis a
Terra.
A física quântica é uma compreensível esperança, não pelo que se sabe
dela hoje, mas por ter-nos mostrado a imensa extensão da nossa
ignorância: a natureza é extraordinariamente mais complexa do que os
físicos imaginavam no final do século XIX, quando, também ingênuos,
acreditaram ter descoberto todos os seus segredos. Mas isso é tudo.
Ela mostrou aos físicos que o oceano do conhecimento que imaginavam
dominar era apenas um mar interior - o verdadeiro oceano do conhecimento
era muito maior e cheio de surpresas. Mas só agora ele começa a ser
explorado. É possível que, com o tempo, nele se descubram sinais de vida
da Terra e se ausculte o seu coração. Por enquanto ainda estamos
limitados a um marzinho interior e nele, infelizmente, isso é
impossível.
Winfried Otto Schumann
Biografia:
NASCEU
em
Tübingen, Alemanha, 20 de maio de 1888,
faleceu em 22 de setembro de 1974, foi um físico alemão, que previa a
Ressonância Schumann.
Seus primeiros anos foram passados em Kassel, Bernsdorf, uma cidade
perto de Viena. Ele era mestre em engenharia elétrica no Colégio Técnico
em Karlsruhe. Em 1912 ele ganhou um doutoramento com a alta tecnologia
da sua tese.
Antes da Primeira Guerra Mundial, ele tomou uma posição em Bown, Boveri
e Cie Company's High Voltage Laboratory como gerente. Durante 1920 ele
ganhou qualificação como professor na Universidade Técnica de Stuttgart,
onde foi empregado anteriormente como assistente de pesquisa. Ele
posteriormente assumiu uma posição como professor de física na
Universidade de Jena.
Em seguida ele se tornou professor e diretor no Electrophysical
Laboratory na Universidade Técnica de Munique em 1924. Tornou-se
professor do Electrophysical Institute, onde continuou até 1961, quando
aposentado, mas continuou ensinando até a idade de 75. Schumann morreu
aos 86 anos.
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